segunda-feira, 28 de junho de 2010

Outroragora

Amar você é sentir cheiros de tempos antigos
Com circos mambembes e marionetes
Cavalos e saias e rendas, mas também
Povoados de vampiros e lobisomens

Tempos de homens de honra, mas não
Você não

Você é dos piratas malvados, dos ciganos traiçoeiros
Dos vendedores de elixires fajutos

E é nesses homens perdidos que eu me ancoro
Soldados de suas necessidades
Presas do momento

Que se agarram como podem
Em um mundo que se esfacela
E morrerá
Com a chegada da luz elétrica

quinta-feira, 24 de junho de 2010

Sol-Plutão, Urano-Saturno

Olha, eu preciso te falar... Os dias estão confusos, eu não consigo ordenar os pensamentos, e isso me dá vontade de não pensar, e a certeza de que o melhor é não pensar mesmo. Rotinas, rituais, procedimentos: o personagem está me matando. Tudo o que eu quero é desintegração, mas não falo de morte, não se assuste, eu quero é parar de morrer nessa pose de fortaleza. Eu quero aquele conforto de não precisar defender coisa nenhuma, de não precisar provar nada, você me entende? Quero que tanto me faça se eu pintar ou não os olhos, coisas assim. Você me entende?

quarta-feira, 2 de junho de 2010

Sala de espera


Estávamos nós dois na sala de espera, como se nunca houvéssemos... mas ai, dói demais falar. Estávamos os dois, eu enfiada num livro, você andando pela sala – como sempre, eu fugia para dentro e você, para fora. Estávamos os dois, e eu já nem sabia por onde meu coração andava, o seu, de um lado para outro na sala. Os dois, com fria polidez, sem nostalgia. Como se nunca houvéssemos... mas ai!